terça-feira, 27 de julho de 2010

Sobre a lei das palmadas

                                                   REFLEXÕES

“Certa vez, um condenado a pena de morte, converteu-se na prisão. Horas antes da execução, um padre foi ministrar-lhe o sacramento da confissão. Mas, o infeliz, chorando recusou nestes termos: ‘Arrependo-me de todos os meus erros, perdôo inimigos e algozes. Porém, Deus não me dará seu perdão pois, não consigo perdoar a minha mãe por não ter me corrigido a tempo de não ter jogado fora minha vida inteira’.”
Essa história me vem à mente cada vez que me deparo com pessoas que, a meu ver, teimam em negar o valor das bases sobre as quais se formaram. Pergunto se não estão tentando ‘fabricar’ traumas demais. Longe de dizer que se deva dar palmadas quando os filhos façam algo que desagrada aos pais; mas quando, por pura teimosia ou birra contrariam as regras combinadas e deliberadamente insistem em fazer o que já sabem que não é correto. E palmadas, castigo de reparar o erro sempre que possível, sim; não espancamento nem beliscão. E claro que muita orientação antes; palmada só em último caso, na hora certa, uma ou duas, de leve. Para arder, não para ficar doído muito menos machucar.
Lembranças desagradáveis nem sempre são traumas assim como nem todas as dores machucam nem deixam cicatrizes. Se há os que não conseguem esquecer ou rir das palmadas de sua vida, o problema terão sido elas? Ou a esperteza de valer-se dessa "tese já decorada" como desculpa de trauma para se safarem das consequências dos atos ilícitos que cometem a bel prazer? Talvez, ou melhor, certamente que foi por jamais terem sido repreendidos e punidos é que tantos jovens e adultos extrapolam e abusam do limite de seus direitos e cometem delitos de toda espécie. Porque não aprenderam a arcar com as consequências, não aprenderam a lidar com frustrações, não aprenderam que é melhor uma palmada dos pais do que uma surra de colegas, melhor uma punição da lei do que de um bando de marginais. Às palmadas da minha vida eu só tenho a agradecer, pelo muito que me fizeram desejar ser e fazer sempre mais e melhor.
Sou capaz de apostar que os maiores delinquentes são os que menos, ou nunca, apanharam de seus pais. O que faz algumas pessoas serem revoltadas, com os pais ou a sociedade, é o fato de estarem se deparando frente a limites, com os quais não aprenderam a lidar desde cedo; além de uma cultura que prega que todos devem ter e poder tudo, custe o que custar (mesmo que nada tenham feito para merecer).
Essas são apenas algumas das inúmeras reflexões que faço, cujas conclusões e constatações nem sempre me fazem sorrir. O que me consola é que, mais pessoas sofrem as mesmas angústias... quem sabe, não será em vão, o tempo que dedico a esses questionamentos.  
Nélsinês

Um comentário:

  1. Achei apropriadas tuas reflexões sobre as palmadas e partilho das mesmas idéias.Algumas pessoas pensam que permitindo toda e qualquer atitude da criança estarão educando seus filhos com liberdade e que dar algumas palmadas irá traumatizá-las.Entretanto nessas condições é mais provável que se torne um adulto incapaz de superar dificuldades e frustrado por suas limitações. Agradeço aos meus pais as palmadas recebidas pois sei que eram para me educar e que era amada por eles. Não pretendo ser dona da verdade, mas seria importante que mais pessoas refletissem sobre isto.
    Mari Regina Rigo

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