segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PáTRIA ... MINHA ... INSôNIA

“No meio da noite me pergunto:

o que será do meu país?”
Desmoronaram muralhas
quebraram-se as grades e se abriram
os cadeados das correntes...
A liberdade proclamada
soa hoje tão sinistra...
Ninguém, a não ser o dinheiro,
é dono do poder.
Todos opinam sobre tudo
e ninguém dá ouvidos a nada...
Muitos direitos todos têm
na lei mais democrática...
mas, para tê-los respeitados
não se têm a quem recorrer.
Pois, quem  proclama direitos
não cumpre o seu dever.
A bandeira no mastro sobe lenta
e tristemente...
abandonada pelo olhar de quem
canta o hino tropeçando,
sem conhecer o sentido
das palavras... da palavra... Pátria!
Hoje, muito menos amada
muito mais ultrajada
pelos próprios filhos seus!
Já não é o Brasil risonho
já não tem seu céu azul límpido
(está vermelho... que tristeza!)
e o presente
nada espelha de grandeza!
Oh! Pátria... amada... idolatrada...
cuja história, tantas vezes,
com sangue foi escrita! ...
por heróis  agora desnudados
e transformados em vilões...
trocados por outros
que não fazem derramar sangue, mas...
 sugam-no, gota após gota, dia após dia...
imunes, impunes da culpa sem escrúpulos!
Oh!  Pátria... querida... ferida...
que dizer a teus filhos sobre o amanhã?
“No meio da noite me pergunto:
o que será do meu país?”
                               Nélsinês
(Entre aspas cito Pablo Neruda)

(Publicado na II Coletânea da Casa do poeta de Canoas)

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