“Filho, serás feliz!” Era a voz de Maria
que, entre beijos e lágrimas, dizia,
ao ver seu grande filho que nascia
de olhos azuis e cabecinha loura.
Foi no palácio de uma estrebaria
no berço de ouro de uma manjedoura.
Lá fora, em céu tranqüilo, uma estrela luzia.
A areia do areal machucada rangia:
eram os passos dos camelos, eram
três vultos numa sombra que crescia...
E os Reis Magos trouxeram
para o Senhor do Mundo que dormia
Ouro, Incenso e Mirra.
Aleluia! Aleluia! Alegria! Alegria!
Um era preto como a noite;
outro moreno como a tarde;
outro era claro como o dia.
Ajoelharam-se trêmulos de espanto
diante da estrela humana que nascia.
Mas, no silêncio em torno só se ouvia:
“Filho, serás feliz!” – sempre a voz de Maria,
martirizada, cadenciada.
Era mãe e previa
no seu saber profundo,
como ia ser rude a jornada
e como sofreria
seu pequenino Deus – Senhor do Mundo.
(Poema de Olegário Mariano – em Toda uma vida de poesia)
Encontrei este poema nas saudosas relíquias de minha infância: uma Prova de Português da 6ª Série. Ah, minha nota foi 50, abaixo da média 70. Interpretação ruim... eu nada entendia de poesia. Mas, já estou aprendendo...
Nélsinês
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