1° DE JANEIRO (I)
Céu nublado, terra seca,
homens cavando pão.
Sapos coaxam tristes,
roseiras amarelecem
sem qualquer botão.
Nada há de novo...
Sopra hoje a mesma brisa
que ontem nos engalanava.
Há projetos e retrospectos
pairando no ar
céu, terra e mar...
Todos cumprem seus destinos
no grande curso sideral:
nascer, viver, morrer
surgir, existir, sumir...
Nada é eterno,
será tudo vão?
1" de janeiro... depois, dois.
Mais tarde fevereiro
nada muda, não!
O homem segue a trajetória
rumo ao próprio fim...
que não explica, não entende...
E na louca corrida das horas,
o que busca é um sentido,
uma razão para justificar
seu cotidiano, sua existência.
Assim passa o primeiro dia,
do primeiro mês do ano.
Assim se passa o ano,
e sua vida assim passa,
sem que encontre sua essência
de ser homem e não animal, apenas...
Enquanto na inconsciência
da humanidade do seu ser,
da razão superior da espiritualidade
sobre a animalidade de sua matéria,
será senhor, mas, não será tudo!
E não atingirá
a glória de sua transcendência!
(1985)
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