Abandono
Caem um dia na relva nevada
derramando-se na terra exaurida
as crenças e anelos qual malfadada
ilusão de amores de doce sobrevida.
Choram pedras que antes cantavam
tingidas de rubro por dores tantas
mortas esperanças e ânsias quantas
a alma desvalida ancoravam
e alimentavam no passar das horas
das noites ligeiras e manhãs santas.
Já não são mais crianças
as longínquas nascidas utopias
palavras de emoções embebidas
ficaram velhas, corcundas senhoras.
Sangram olhos ao pé do cadafalso
espreita triste o poeta descalço
sua nau no porto à deriva.
Mares fecundos de outrora
negam peixes na costa rochosa
canoeiro soçobra sob voz maviosa
foge da aldeia de pó ressequida.
Dunas brancas sepultam retalhos
canções se quebram enegrecidas
às ondas não voltam, seus agasalhos
jazem inertes, em mangas puídas
de negros veludos, as mãos esquecidas
que vagam sem lume, do leme furtivas.
(Nélsinês)
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Este poema traduz meus sentimentos de hoje (10/01), um dia de triste lembrança.
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Poema premiado em 3º Lugar no Concurso Literário 2011 do Clube de Escritores de Piracicaba.
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