ENTARDECER
Quando, à tarde, a cidade silencia
garças brancas aos ninhos a voltar
nasce a hora em que saudades rebrotam
invadindo a alma, bem... bem devagar.
No som do vento, acordes de outros tempos,
tão distantes quanto a areia do azul mar.
Não são antigos, tão somente passados
tão presentes que embalam o recordar.
O mundo em torno inexiste, é nada,
somente um cusco longe e livre a ladrar.
Humanas plagas, primaveras esperam
sementeiras virgens, sonhos mil por semear.
Rincão de amores, áurea luz cristalizada
no silêncio, não há guerra em chão de paz.
Somente os sons de uma gaita em agitos
ao minuano, no trote a cavalgar.
Na ânsia do bem-querer desejo brota
camperear coxilhas, velho rancho visitar.
Neste pampa só o silêncio fundo habita
invadindo a alma, bem... bem devagar.
Enlaçando a vida no rodeio dos campos
segue a aurora cada dia a raiar.
E os gaúchos mundo afora relembram
tradições deste pago a cantar.
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