segunda-feira, 16 de maio de 2011

Nota de pesar

Canoas perde outro de seus mais ilustres e nobres cidadãos. Faleceu o Patrono da Imprensa Canoense, o jornalista Nemézio Miranda de Meirelles, também Patrono da 17ª Feira do Livro de Canoas (2001) e sócio da Casa do Poeta de Canoas. Todos esperávamos que completasse um centenário entre nós. Mas, com certeza, este nosso mundo estava ficando demasiado pequeno para sua grande alma.
Abaixo, dois sonetos de autoria de mais este poeta que se encantou:

Autobiografia

Sou Nemézio Miranda de Meirelles,
Brasileiro da Bahia, Salvador
Dezenove de dezembro, treze em flor.
Honorário gaúcho, per fidelis.

Militar no ar e em terra, grande alferes
Amei a profissão com muito ardor.
No cumprir os deveres sou daqueles
Disciplinado e disciplinador.

Figurei no atletismo, fui dentista
Suplente deputado federal,
Escritor, palestrante, jornalista.

Vultos e fatos, conheci, da História
Varrer quero da minha vida o mal.
Como todo feliz eu sonho a glória.
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Missão cumprida

Minha vida de louros e derrotas
É bom retrato fiel de minhas lutas.
Na busca de luzir selvas e grutas
Fui sombra e luz; penumbra em longas rotas.

Fiz-me árvores com flores e com frutas,
Água pura passando em turvas grotas,
E dos bens, meu Senhor, com que me dotas
Empresto aos que ao mal buscam permutas.

Realizado afinal solto meu grito
Para correr o planeta e o infinito,
Preenchendo o ar de luz e de esplendor.

Meus descendentes são minha vitória
Eu os moldei para cantar a glória,
Fazer o bem, entronizar o amor.
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Do livro Estrelas Cadentes; 2008.
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Biografia
Nemézio Miranda de Meirelles é natural de Salvador, Bahia, Nemézio Miranda de Meirelles nasceu em 19/12/1913.
Aos 16 anos, foi revisor do Diário da Bahia, em Salvador. Em 1933, aos 19 de idade, junto a um grupo de jovens idealistas, fundou no Rio de Janeiro a edição de “O Ideal”, no bairro Marechal Hermes. Meirelles veio para Canoas em 1935, transferido da Escola de Aviação Militar, sediada em Campo dos Afonsos, no Rio de janeiro.
Em 1953, formou-se em Odontologia pela UFRGS - Universidade do Rio Grande do Sul. Exerceu a profissão até 1965, em Porto Alegre e Canoas. Casou-se com Filomene Nienow, com quem teve dois filhos: Flávio (1938 - 2000), e Ângela (1949). Fundou “O Cruzeiro”, o primeiro jornal de Canoas.
Em 1985, Meirelles recebeu da Câmara de Vereadores, uma homenagem pelo cinquentenário da imprensa canoense, sendo agraciado como Patrono da Imprensa. Também foi agraciado com a Medalha Duque de Caxias pelo Exército Brasileiro e recebeu do Ministério da Aeronáutica Brasileira três condecorações: Medalha Santos Dumont, Cavaleiro da Ordem do Mérito e Membro Honorário.
Fundou e presidiu a liga Atlética Canoense, que dirigia o voleibol, o basquete e o atletismo. Foi diretor do Interior da Federação Riograndense de Futebol e diretor na Federação Atlética Riograndense (FARG), cargo no qual desempenhou a missão de receber e acompanhar as delegações estrangeiras participantes do Campeonato Sul-Americano de Voleibol. Como atleta, foi campeão de voleibol pelo Exército, no Nordeste (6º R.M.), campeão universitário gaúcho e campeão regional. No basquete, foi campeão canoense muitas vezes e campeão regional. No futebol foi campeão canoense por vários anos.
Cidadão Canoense Honorário, Meirelles é o único remanescente dos que lutaram pela emancipação política de Canoas.
Escritor, pensador, palestrante e jornalista, contatou pessoalmente com importantes vultos e personalidades, como Santos Dumont, vários presidentes da República, Sacadura Cabral e Gago Coutinho (os primeiros aviadores a atravessar o Atlântico), além de testemunhar e acompanhar grandes fatos e acontecimentos da História do Brasil.

2 comentários:

  1. Que lástima. Uma perda verdadeiramente irreparável. Conheci Nemézio Meirelles ainda nos tempos do Externato São Luiz,dos Irmãos Lassalistas, na década de cinquenta. Conheci também a Angela, a quem apresento sentidas condolências.
    Mas é a vida
    J.C.Campão- Virginia, USA

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  2. Eu o conhecia de nome há alguns anos, mas apenas nos últimos cinco tive oportunidade de conhecê-lo mais proximamente. Uma serenidade e lucidez admiráveis! Sem falsa modéstia, sempre simples e humilde, característica inconfundível de um espírito superior. Passava a todos uma lição de amor à vida, à humanidade, à Pátria; uma esperança e força de vontade inabaláveis, uma profunda fé em Deus, uma disposição que apenas não mais possuía o vigor da juventude do corpo. Mesmo assim, mantinha-se o mais possível, ativo e participativo na sociedade canoense, sempre preocupado com a cidade, com o Brasil, com o ser humano e o planeta. Grande Homem, como poucos. Para quem o conheceu, impossível não admirar e estimá-lo.

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