Nada de novo no front
*Juremir Machado da silva é escritor e jornalista
Tarso Genro criou o piso salarial nacional do magistério. Como salário inicial. Yeda Crusius não quis pagá-lo.
Disse que não havia dinheiro. Foi ao STF pedir que o piso nacional fosse declarado inconstitucional.
A oposição petista detonou a governadora. Afirmava-se que ela não pagava porque não queria. Tarso foi eleito governador. Disse que pagaria o piso, como salário inicial, mas não imediatamente. Ao longo dos quatro anos de governo. Gabou-se de ter retirado a participação gaúcha da ação no STF.
Agora, o governo Tarso voltou ao STF contra o piso. Não quer pagar retroativamente à entrada em vigor da lei. Só quer pagar a partir do esgotamento do recurso que ele mesmo impetrou. Se o STF levar quatro anos para o julgar o recurso, Tarso não paga o piso. Salvo se for reeleito.
Tarso é Yeda de bigode? A meritocracia agora se chama avaliação pelo mérito? Para aplicar uma política tentada pela direita nada melhor do que um governo de esquerda? Perguntar ofende?
Hipótese ponderada: o governador quer uma solução equilibrada, pagando mais, mas cobrando mais?
Hipótese pragmática e acaciana: fazer oposição é uma coisa, administrar é o contrário.
Hipótese realista: todo discurso de oposição é excessivo. Todo discurso da situação é defensivo.
Moral da história: o poder é sempre amoral ou imoral. Um decote pode ser mais perigoso do que um abismo.
A política é a arte de fazer o contrário do que se disse driblando a contradição. A corrupção é a arte de cobrar o escanteio, correr para a área e fazer o gol de cabeça: quem vai receber o fornecimento inventa o fornecedor.
Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/ (Sexta-feira, 21/10/2011).
Nenhum comentário:
Postar um comentário