domingo, 24 de abril de 2011

Tiradentes, a Inconfidência Mineira e os impostos do Brasil 222 anos depois

A Inconfidência Mineira (MG – 1789) foi um dos mais importantes movimentos da História do Brasil. Representa a luta do povo brasileiro pela independência, devido à opressão e exploração do governo de Portugal no período colonial.  .
O final do século XVIII, ciclo do ouro no Brasil (colônia), Portugal se esbaldava em abusos políticos e cobrança de altas taxas e impostos. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o “quinto”, ou seja, 20% de todo ouro encontrado acabava nos cofres da coroa portuguesa. Quem era faglado com ouro “ilegal” (sem  ter pagado o imposto) sofria duras penas, podendo até ser degredado.
Quando o ouro começou a diminuir nas minas, Portugal criou a Derrama, que constava do seguinte: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100@ de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.
Este abuso de poder revoltava o povo e também a elite que queria pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas, influenciados pelas ideias do Iluminismo, se uniram em busca de uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do país.
O grupo liderado pelo Alferes Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) era formado pelos poetas Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira. A ideia do grupo, além de conquistar a liberdade definitiva era implantar o sistema de governo republicano em nosso país. Chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para o Brasil, composta por um triângulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que tarde). Esta bandeira foi mais tarde adotada pelo estado de MG, palco do movimento.
 Os inconfidentes haviam marcado a insurreição para uma data em que a “Derrama” seria executada, obtendo assim, amplo apoio da população revoltada. Porém, um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas com a coroa. Todos os inconfidentes foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao rei. Alguns inconfidentes foram punidos com o degredo, outros prisão. Tiradentes, após assumir a liderança do movimento, foi condenado a forca em praça pública (21 de abril), sendo depois esquartejado e suas partes expostas pela cidade para desencorajar qualquer movimento semelhante contra o reinado português. No entanto, seu ideal de liberdade não pereceu, e ele até hoje é considerado o mártir e herói de nossa Independência que veio a se concretizar somente em 1822.
E hoje?
Hoje pagamos o dobro em impostos (algo em torno de 40% - isso mesmo: quarenta por cento!), não somente sobre a renda que produzimos, mas também sobre tudo que consumimos. Com a diferença de que os grandes sonegadores acabam sempre se dando bem, aumentando-se a carga sobre a legitima classe trabalhadora do país.
Houve um tempo em que partido atualmente no poder berrava contra a CPMF e dizia que as bolsas eram esmolas eleitoreiras que compravam o povo pelo estômago. Este mesmo partido, não somente tentou de tudo para prolongar indefinidamente o dito imposto do cheque e, não conseguindo substituiu-o por outro semelhante, como também triplicou a concessão dos “vale-votos”. Do partido que se dizia “dos Trabalhadores” se esperava que começasse limpando a casa política, expurgando os expúrios privilégios e maracutaias que são um escárnio para a nação. Qual nada! Lambuzou-se e enxovalhou tudo de vez, contaminando até mesmo o terceiro poder de nossa República.
E como está a assistência de saúde em nosso país? Feliz de quem não precisa dela! Pois a preocupação agora são os aeroportos e os estádios para a copa, coisas para as quais já se estuda dispensas de licitação para acelerar as obras, a liberação dos recursos... e as falcatruas e corrupção.
Tiradentes era alferes. E eu, cada vez mais, sinto saudade do tempo dos militares!

Nenhum comentário:

Postar um comentário